Aspectos legais e éticos do congelamento de óvulos
Postado em: 22/04/2025
O Congelamento de Óvulos tem se tornado uma opção cada vez mais acessível para mulheres que desejam preservar sua fertilidade, seja por razões médicas, profissionais ou pessoais. Embora seja um procedimento seguro e amplamente utilizado na medicina reprodutiva, ele envolve questões legais e éticas que devem ser bem compreendidas.

Quem pode realizar o procedimento? Por quanto tempo os óvulos podem ser armazenados? O que acontece em casos de separação ou falecimento? Essas são dúvidas frequentes e legítimas.
Neste artigo, vou explicar seus direitos, os limites definidos pela legislação brasileira e os aspectos éticos relacionados ao congelamento de óvulos. Com informações claras e atualizadas, você poderá tomar uma decisão mais segura e consciente. Vamos começar?
O que é o congelamento de óvulos e por que ele é feito?
O congelamento de óvulos, chamado também de criopreservação, é um procedimento no qual os óvulos maduros são coletados dos ovários, congelados e armazenados para uso futuro. Essa técnica permite que a mulher preserve sua fertilidade e utilize os óvulos no momento mais adequado, seja por meio de fertilização in vitro (FIV) ou doação.
As principais indicações para o congelamento de óvulos são:
- Preservação da fertilidade por escolha pessoal: para mulheres que desejam adiar a maternidade por motivos pessoais ou profissionais.
- Tratamentos oncológicos: como quimioterapia ou radioterapia, que podem comprometer a função ovariana.
- Cirurgias nos ovários: especialmente quando há risco de redução da reserva ovariana.
- Endometriose: que pode afetar a qualidade e a quantidade de óvulos.
- Histórico familiar de menopausa precoce: como medida preventiva para mulheres com risco aumentado de falência ovariana precoce.
O que diz a legislação brasileira sobre o congelamento de óvulos?
No Brasil, o congelamento de óvulos é regulamentado pelo Conselho Federal de Medicina (CFM), que atualiza periodicamente as normas de reprodução assistida com base em avanços científicos, aspectos éticos e diretrizes legais.
Quem pode congelar óvulos?
Atualmente, qualquer mulher em idade reprodutiva pode realizar o congelamento de óvulos, desde que tenha boas condições de saúde. As recomendações podem ser:
- Médicas: em casos de tratamentos oncológicos, endometriose ou risco de perda da função ovariana.
- Eletivas: por decisão pessoal de postergar a gestação para um momento mais oportuno.
Não há exigência de estar casada ou em um relacionamento. O congelamento de óvulos é um direito individual da mulher.
Por quanto tempo os óvulos podem ser armazenados?
A legislação brasileira não estabelece um prazo máximo para o armazenamento de óvulos. As diretrizes médicas, no entanto, recomendam que sejam mantidos enquanto houver possibilidade de uso reprodutivo, considerando a idade e o estado de saúde da mulher.
Cabe à clínica estabelecer critérios de controle e garantir a atualização regular dos registros. Se você estiver avaliando essa possibilidade, escolha um serviço que siga boas práticas, tenha experiência e ofereça atendimento humanizado e transparente. Saiba como escolher uma clínica para congelamento de óvulos!
Qual o destino dos óvulos congelados?
Essa é uma questão importante, principalmente quando o congelamento ocorre dentro de um contexto conjugal. O destino dos óvulos deve ser acordado previamente e registrado em um termo de consentimento assinado antes do procedimento.
Em caso de separação ou falecimento, valerá o que foi estipulado nesse documento. A mulher pode optar por:
- Usar os óvulos futuramente.
- Doá-los para outra paciente ou para pesquisa científica.
- Autorizar o descarte, caso não deseje mais utilizá-los.
Discutir essas possibilidades antes da coleta ajuda a evitar dúvidas ou conflitos no futuro.
Questões éticas envolvidas na preservação da fertilidade
Além dos aspectos técnicos e legais, o congelamento de óvulos traz reflexões éticas importantes dentro da medicina reprodutiva. Como médica, acredito que ciência e ética devem caminhar juntas, respeitando a autonomia e as escolhas individuais de cada paciente.
Algumas das questões envolvidas incluem:
- Autonomia da mulher sobre seus gametas: toda mulher tem o direito de decidir sobre sua fertilidade com base em informações claras e acessíveis.
- Destino dos óvulos após longos períodos de armazenamento: principalmente em casos em que a paciente perde contato com a clínica ou decide não utilizá-los.
- Doação de óvulos: permitida, desde que previamente autorizada e seguindo os critérios do CFM.
- Diferenças entre congelamento de óvulos e embriões: embriões envolvem questões legais mais complexas, especialmente em casos de rompimento conjugal, pois contêm material genético de ambos os parceiros.
Na reprodução assistida, buscamos sempre equilibrar a autonomia da paciente, a responsabilidade médica e os princípios éticos envolvidos.
A importância do registro informado
Antes de realizar o congelamento de óvulos, é obrigatório assinar um termo de consentimento informado, um documento que deve ser claro, detalhado e plenamente compreendido pela paciente. Esse termo deve incluir:
- A finalidade do procedimento: explicando o objetivo da criopreservação e suas possíveis aplicações futuras.
- Os riscos envolvidos: detalhando os possíveis efeitos colaterais da estimulação ovariana e do processo de coleta dos óvulos.
- O tempo de armazenamento previsto: esclarecendo as diretrizes clínicas sobre o período de manutenção dos óvulos congelados.
- As opções de destino dos óvulos: alternativas como uso futuro, doação para outra paciente, pesquisa científica ou descarte.
- O que acontece em casos de separação ou falecimento: para casais que realizam o procedimento em conjunto.
Nos casos em que haja participação de um parceiro, ambos devem concordar previamente com o uso futuro do material, conforme registrado no termo.
Pensando em congelar seus óvulos?
Essa é uma decisão importante e, por isso, é essencial entender todas as opções, regras e implicações envolvidas. Vamos conversar de forma clara sobre o processo, as escolhas legais e éticas, e como ele pode ser a melhor alternativa para o seu futuro.
Agende uma consulta comigo e tenha uma orientação personalizada e segura para tomar a decisão mais adequada para você!
Dra. Larissa Daun
Ginecologista Obstetra, Especialista em Reprodução Humana
CRM-SP: 129292
RQE: 90257 – Ginecologia e Obstetrícia
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